quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Transcrevo abaixo, alguns trechos da obra “Memórias do subsolo” ou “Notas do subterrâneo”, dependendo do tradutor, do célebre russo Fiódor Dostoiévski

Existem pensamentos que só revelamos aos amigos mais íntimos. Outros, só revelamos a nós mesmos. Ainda outros, tememos a revelar a nós mesmos. O “homem do subterrâneo” é um escritor diante desses dilemas.

(…) Ora, senhores, “duas vezes dois igual a quatro” é um princípio de morte e não um princípio de vida. (…) / É verdade que o homem não se ocupa senão da procura desses “duas vezes dois igual a quatro”; atravessa oceanos, arrisca a vida em sua perseguição; mas quanto a encontrá-los, quanto a apanhá-los realmente – juro-vos que tem medo, pois ele se dá conta de que, uma vez encontrados, nada mais tem a fazer. (…) Tenta aproximar-se do fim, mas, tão logo o atinge, não está mais satisfeito; e isso é verdadeiramente bem cômico. Em uma palavra: o homem é construído de uma maneira muito cômica, e tudo isso faz o efeito de um trocadilho. Mas, seja como for. “duas vezes dois igual a quatro” é uma coisa bem insuportável.”

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